sexta-feira, 30 de julho de 2010

Porcupine Tree - Anesthetize (dvd)

Descobri a banda Porcupine Tree com o pessoal do fórum ProjeKction (sobre a banda King Crimson) no final de 2003 e comecei a explorar/conhecê-la de forma natural: comprando um álbum! Comecei pelo Up the Downstairs (1997, Delerium) e não me decepcionei como acontece ocasionalmente quando seguimos referências de outros. Gosto é algo muito relativo.

Mas não é sobre esse excelente álbum que quero falar hoje. Dando um salto de quase 20 anos e muitos álbuns depois, P-Tree (como a banda também é conhecida) lança seu segundo DVD a partir de um show ao vivo: Anesthetize (2010, Kscope).

Anesthetize apresenta os melhores momentos de dois shows na Holanda em 15 e 16 de Outubro de 2008, na tournée do álbum Fear of a Blank Planet. Filmado em alta definição, com edição também em Blu-ray, é um dos melhores shows em termos de edição e qualidade de imagem que já assisti. Balanço de cores perfeito destacando músicos e instrumentos, apesar de me lembrar em alguns momentos a edição de Eyes Wide Open do King Crimson, onde nos solos a edição mostrava uma outra câmera, e não aquela em close com o instrumento em destaque, mas isso já é preciosismo meu...

O programa é dividido em duas partes, que poderia passar despercebido se não fosse um curto intervalo quando a banda se retira do palco e aparece imóvel, em sépia, se preparando para voltar. A primeira parte consiste na apresentação o álbum
Fear of a Blank Planet com uma fidelidade incrível em relação ao álbum de estúdio, onde as músicas são acompanhadas por filmes produzidos (provavelmente por Lasse Hoile que também dirige a filmagem do show) especialmente para essa sequência. Pela fidelidade com que as músicas foram apresentadas e o sincronismo com as imagens relacionadas aos temas me lembrei das apresentações do Kraftwerk em que fui, onde o sincronismo entre som e imagem é um show a parte. Ou seja, mostra uma banda afiada e muito bem ensaiada.

John Wesley, convidado como segundo guitarrista, faz um contraponto interessante a Steve Wilson tanto nos vocais como nos solos e com a responsabilidade de ser o guitarrista de fato, já que se percebe em várias oportunidades que Wilson se ocupa apenas dos vocais, o que não é pouca coisa.

Nessa parte se destaca a faixa título onde
Gavin Harrison mostra toda sua técnica e prova por que foi convidado a se juntar a Pat Mastelotto na curta tournée do King Crimson dois meses antes. O primeiro solo de guitarra dessa longa faixa, que no álbum foi magistralmente tocado por Alex Lifeson (Rush), fica por conta de Wesley que parte do fraseado inicial de Lifeson para então desenvolver seu próprio estilo.


Ponto alto do show, essa música por si só vale o DVD.

Nota: Desde a primeira vez que a ouvi, os primeiros minutos dessa música me lembram Radiohead, não sei se pela guitarra ou pelo vocal de Wilson que se assemelha a Thom Yorke, ou ambos... mais a frente percebe-se outra influência (homenagem?): Rush.

A segunda parte do show é formada por músicas dos álbuns Nil Recurring (complemento de FoaBP), Deadwing, In Absentia e Signify apresentadas com o mesmo comprometimento da primeira e com o mesmo defeito, ou seja, as músicas são apresentadas com o mesmo arranjo e fieis aos álbuns de onde se originam, incluindo alguns efeitos nos vocais (!). Observei uma variação mínima no meddley Strip The Soul / .3 e em Halo.

Richard Barbieri, veterano tecladista do Japan, adiciona a base atmosférica que muitas vezes define o tom da música preenchendo os vácuos em que as guitarras se ausentam, enquanto Colin Edwin completa a banda com seus graves precisos e imprescindíveis.

O áudio
produzido por Steve Wilson também é excelente e já se tornou uma marca registrada de seu trabalho.

Um show imperdível para quem acompanha a banda ou gosta de um bom rock com forte influência progressiva.

Ficha Técnica:
- Video: NTSC (0)
- Áudio: LPCM Stereo e DTS-HD Master Audio 5.1
- Duração: 130 min.
- Extras: apenas no Blu-ray, mas ainda não o vi...

terça-feira, 27 de julho de 2010

Adrian Belew Power Trio se apresenta na América do Sul

Muito tem se falado do Adrian Belew Power Trio e o pessoal do ProjeKction que já esteve nos seus shows destaca a energia e o prazer que eles tem no palco.

De tempos em tempos eu visito seu site assim como o de Tony Levin e o de Pat Mastelotto, entre outros. Leio sobre os projetos em que estão envolvidos e as tournées planejadas, esperando ver o Brasil entre os locais visitados. E foi ali que descobri que Adrian Belew estava vindo para a América do Sul!

Ô cara sortudo! alguns dirão, mas naquele momento a tournée do seu Power Trio estava restrita ao Chile, Argentina e Uruguai...

Então decidi escrever para o responsável pela sua tournée e perguntei se eles viriam ao Brasil. Alguns dias depois alguém me respondeu à la Fripp:
- Possivelmente sim, mas teríamos que mudar nossos voos.
- Possivelmente não conseguiremos o Visto em tempo.

Aí em pensei: se eles querem tocar aqui, o que é necessário para viabilizar isso? Foi então que procurei saber como tirar Visto para o Brasil nos Estados Unidos. Em paralelo falei com uma pessoa na produção de uma casa de shows pequena, como um clube de jazz, mas que se encaixaria muito bem com esse power trio e seu público.

Se por um lado a burocracia do visto parecia exigir um aval do nosso Ministério do Trabalho, a responsável pela agenda e produção dos shows me confirmou que o processo todo leva quase um mês! Na verdade a negociação deve começar dois meses antes para fechar a agenda de shows da casa...

Primeiro há a questão do contrato com o artista/empresário; a seguir esse contrato deve ser enviado ao Ministério do Trabalho para que o(s) artista(s) consiga(m) um visto de trabalho para o evento/show. E isso leva tempo!

O problema do Visto ocorre em função da reciprocidade: o governo americano exige visto do cidadão brasileiro; por sua vez o governo brasileiro exige visto do cidadão anericano...

Após digerir essa informação enviei um e-mail lacônico ao responsável pela turnée do Adrian Belew lamentando a falta de tempo para viabilizar seu show no Brasil e a impossibilidade de vë-los seja em Buenos Aires ou em Montevideo.