domingo, 14 de junho de 2015

Stick Men em Buenos Aires & Montevidéu - 2015 tour

O Stick Men voltou à Amércia do Sul (na verdade a turné começou em San Jose, Costa Rica), mas assim como em 2012 tive que viajar até a Argentina e Uruguai para vê-los em ação. Até tentei encontrar um produtor para trazê-los a São Paulo, mas não deu certo... Talvez no ano que vem!

ND Teatro
29 de Maio, 2015 - Buenos Aires
Esse ano foi um pouco diferente, pois o primeiro show seria no ND Teatro em Buenos Aires .

Descobri o Airbnb no ano passado procurando por hospedagens em Chicago, quando fui ver o King Crimson, e usei seus recursos para encontrar um lugar em Buenos Aires a duas quadras do teatro (também tinha encontrado um apartamento perto do Teatro Cariola para ver Steven Wilson em Santiago algumas semanas antes). Era um apartamento grande, antigo e bem conservado no centro de Buenos Aires, administrado pela Laura, ao qual devo voltar com minha família um dia.
Vista do quarto

Meu voo atrasou um hora, mas assim que cheguei a Buenos Aires entrei em contato com Max Mazzella, o road manager que havia conhecido em 2012. Nos encontramos na porta do teatro e ele me colocou para dentro a tempo de apreciar o soundcheck que estava em curso.
Soundcheck
Após o soundcheck Markus Reuter Tony Levin encontraram algumas pessoas que lhes deram pedais desenvolvidos/fabricados na Argentina para eles testarem e usarem depois. A seguir encontrei Markus e seguimos ao seu hotel conversando sobre os shows anteriores e as longas viagens numa van.

Como eu estava com fome, pois tinha comido apenas um sanduíche no avião, Max me recomendou El Cuartito, uma típica pizzaria que Pat Mastelotto tinha visitado no dia anterior (e eles foram novamente após o show daquela noite). Um restaurantes simples com pizzas deliciosas!
El Cuartito

O show começou por volta das 21:15 com o Markus sozinho desenvolvendo seu imprevisível e belo soundscape, que se seguiu por um novo setlist. "Big Dog", "Indiscipline", "Slow Glide" e "Red", dentre outras, foram substituídas por "Crack in the Sky", "Nude Ascending Staircase", "Horatio" e "Sartori in Tangier". Foi muito bom ouvi-los tocar essa música que foi precedida por uma curta improvisação.
Stick Men at ND Teatro

A apresentação das músicas foi precisa, forte, mas não ensurdecedora, com diferenças no arranjo de algumas músicas já conhecidas, como "Soup" e "Firebird". O som, por Robert Frazza novamente, estava fantástico; uma das melhores experiências sonoras que eu já tive.
Robert Frazza.

Após o show cerca de 200 pessoas esperavam por eles para assinar seus CDs - vi copias do DVD da Argentina (KCCC 47) e "Deep" entre os fãs -, mas voltei ao meu apartamento já que viajaria para Montevidéu com a banda bem cedo na manhã seguinte. Em outra ocasião Markus me contou que eles se sentiram ameaçados com tanta gente se empurrando para conseguir tirar uma foto...
Fãs esperam pela banda no hall de entrada do teatro.
Na parede uma homenagem a Mercedes Sosa.

30 de Maio, 2015 - Montevidéu
Encontrei com Stick Men e equipe às 7 da manhã na sala de embarque do terminal Buquebus em direção a Montevidéu. A travessia pelo Río de la Plata (Rio da Prata) levou pouco mais de 2 horas.

Em Montevidéu não consegui encontrar um lugar disponível pelo Airbnb, mas encontrei um pequeno hotel pelo Booking.com. Hotel Palacio é um hotel antigo, razoavelmente bem conservado na região da Ciudad Vieja (bairro mais antigo de Montevidéu).
Hotel Palacio
Vista da varanda do quarto no Hotel Palacio

Assim que me conectei no wifi do hotel recebi uma mensagem do Markus me convidando para almoçar. Fomos ao Parada Sur, um restaurante especializado em 'asados' (carnes/churrasco) e pude saciar minha curiosidade sobre assuntos relacionados com sua música, produção de outros artistas, a turnê com David Cross no Japão, novos lançamentos, etc.
Parada Sur

Mais tarde nos encontramos novamente no La Trastienda Club onde tive a oportunidade de acompanhar outro soundcheck. Frazza, o engenheiro de som, precisava de um lugar no meio da audiência para ajustar o mix durante a apresentação, mas todos os lugares estavam vendidos (!) e ele teve que ficar no fundo, perto da mesa de som. Meu nome estava na guestlist e aproveitei o show de pé (não havia lugar reservado) à direita cerca de 4 metros do palco. O soundscape inicial do Markus foi um pouco mais longo que o da noite anterior e foi seguido por "Hide in the Trees", "Vrooom Vrooom", "Smudge", "Crack in the Sky" (cantado em espanhol), improv + "Horatio", "Mirage" (Mike Oldfield), improv + "Satori in Tangier", "Cusp", "Breathless" (Fripp), "Nude Ascending Staircase", "Industry", "Firebird Suite", "Soup" e "Larks' II" no bis.

No início do show Tony ficou incomodado com a iluminação do palco, que piscava e se movimentava freneticamente, interferindo na sua maneira de tocar. Após reclamações a iluminação se tornou estática com sutis mudanças nos spots laterais.
Stick Men no La Trastienda Club
Exceto por uma pequena falha no microfone do Tony durante "Soup", o som do show estava muito bom. Mesmo assim a banda sentiu que a energia/empatia com a audiência foi inferior à noite anterior. Para mim foi outro show fantástico com pequenas mudanças no setlist.

Após o show os funcionários do teatro colocaram todas as pessoas para fora e organizaram sua entrada no hall do teatro em grupos de três ou quatro para autógrafos e fotos. Max me levou para o camarim onde fiquei com Markus e Frazza. Markus não estava se sentindo bem, um tanto abatido pela gripe que o acompanhava a alguns dias, e cancelou sua participação na sessão de autógrafos. Conversamos sobre aeroportos, Santos Dumont, os irmãos Wright e o voo transatlântico de Lindbergh, mas não sei como o assunto começou... Tony e Pat voltaram e tão logo eu consegui o autógrafo de Pat no CD do Mastica '99 que havia comprado, perguntei sobre lançamentos 'oficiais' dos shows do HoBoLeMa. Ele me disse que havia até editado uma hora de música a partir de vários shows, mas o formato teria sido recusado pelo Terry Bozzio que preferia que os shows não fossem editados, mas apresentados na íntegra, o que Pat argumentou que tem certas improvisações que não funcionam. Avisei que eu tinha alguns bootlegs que um amigo havia me enviado e ele respondeu que houve um show transmitido por uma rádio da Holanda (eu acho) e que eu encontraria na web; ao final acrescentou que os melhores shows foram os primeiros no Japão...

Consegui uma carona na van até o hotel deles (o meu ficava a duas quadras) e conversei um pouco com Max. No dia seguinte eles voltariam a Buenos Aires para um workshop e teriam o último concerto em Córdoba.
Com Max Mazzella
Apesar de não haver grandes surpresas como em 2012, foram momentos intensos, divertidos e fantásticos. Por tudo isso agradeço ao Max pela ajuda e companheirismo, e Markus, Pat, Tony e Robert por sua paciência e camaradagem em aceitar um intruso - ainda que um verdadeiro fã - entre eles. Compartilhar de alguns momentos com esses profissionais formidáveis é uma oportunidade imperdível.